Como
ele vem
Todo requebrado
Parece um boneco
Desengonçado.
(A brincadeira
recomeça.)
A barata diz
que tem
A
barata diz que
tem sete saias
de filó
É
mentira da barata,
ela tem é
uma só
Ah ra ra, iá
ro ró,
ela tem é
uma só
A
Barata diz que
tem um sapato
de veludo
É mentira
da barata, o
pé dela
é peludo
Ah ra ra, Iu
ru ru, o pé
dela é
peludo!
A
Barata diz que
tem uma cama
de marfim
É mentira
da barata, ela
tem é
de capim
Ah ra ra, rim
rim rim, ela
tem é
de capim.
A canoa virou
A
canoa virou
Por deixá-la
virar,
Foi por causa
da Maria
Que não
soube remar
Siriri
pra cá,
Siriri pra lá,
Maria é
velha
E quer casar
Se
eu fosse um
peixinho
E soubesse nadar,
Eu tirava a
Maria
Lá do
fundo do mar.
Alecrim
Alecrim,
alecrim dourado
Que nasceu no
campo
Sem ser semeado
Oi,
meu amor,
Quem te disse
assim,
Que a flor do
campo
É o alecrim?
Alecrim,
alecrim aos
molhos,
Por causa de
ti
Choram os meus
olhos
Alecrim
do meu coração
Que nasceu no
campo
Com esta canção.
Atirei
o pau no gato
Atirei
o pau no gato
tô tô
Mas o gato tô
tô
Não morreu
reu reu
Dona Chica cá
Admirou-se se
Do berro, do
berro que o
gato deu
Miau!!!!!!
A
gatinha parda
A
minha gatinha
parda, que em
Janeiro me fugiu
Onde está
minha gatinha,
Você sabe,
você sabe,
você viu
?
Eu
não vi
sua gatinha,
mas ouvi o seu
miau
Quem roubou
sua gatinha
Foi a bruxa,
foi a bruxa
pica-pau.
A rosa amarela
Olha
a Rosa amarela,
Rosa
Tão Formosa,
tão bela,
Rosa
Olha a Rosa
amarela, Rosa
Tão Formosa,
tão bela,
Rosa
Iá-iá
meu lenço,
ô Iá-iá
Para me enxugar,
ô Iá-iá
Esta despedida,
ô Iá-iá
Já me
fez chorar,
ô Iá-iá...
Se
esta rua fosse
minha
Se
esta rua,
Se esta rua
fosse minha,
Eu mandava,
Eu mandava ladrilhar,
Com
pedrinhas,
Com pedrinhas
de diamantes,
Só pra
ver, só
pra ver
Meu bem passar
Nesta
rua, nesta rua
tem um bosque
Que se chama,
que se chama
solidão
Dentro dele,
dentro dele
mora um anjo
Que roubou,
que roubou meu
coração
Se
eu roubei, se
eu roubei teu
coração,
Tu roubaste,
tu roubaste
o meu também
Se eu roubei,
se eu roubei
teu coração,
É porque,
é porque
te quero bem
Balaio
Eu
queria se balaio,
balaio eu queria
ser
Pra ficar dependurado,
na cintura de
“ocê”
Balaio
meu bem, balaio
sinhá
Balaio do coração
Moça
que não
tem balaio,
sinhá
Bota a costura
no chão
Eu
mandei fazer
balaio, pra
guardar meu
algodão
Balaio saiu
pequeno, não
quero balaio
não
Balaio
meu bem, balaio
sinhá
Balaio do coração.
Boi barroso
Eu
mandei fazer
um laço
do couro do
jacaré
Pra laçar
o boi barroso,
num cavalo pangaré
Meu
Boi Barroso,
meu Boi Pitanga
O teu lugar,
ai, é
lá na
cana
Adeus menina,
eu vou me embora
Não sou
daqui,ai, sou
lá de
fora
Meu
bonito Boi Barroso,que
eu já
dava por perdido
Deixando rastro
na areia logo
foi reconhecido.
Boi da cara
preta
Boi,
boi, boi
Boi da cara
preta
Pega esta criança
que tem medo
de careta
Não
, não
, não
Não pega
ele não
Ele é
bonitinho, ele
chora coitadinho.
Cachorrinho
Cachorrinho
está
latindo lá
no fundo do
quintal
Cala a boca,
Cachorrinho,
deixa o meu
benzinho entrar
Ó
Crioula lá!
Ó Crioula
lá, lá!
Ó Crioula
lá! Não
sou eu quem
caio lá!
Atirei
um cravo n’água
de pesado foi
ao fundo
Os peixinhos
responderam,
viva D Pedro
Segundo.
Cai cai balão
Cai
cai balão,
cai cai balão
Na rua do sabão
Não Cai
não,
não cai
não,
não cai
não
Cai aqui na
minha mão!
Cai
cai balão,
cai cai balão
Aqui na minha
mão
Não vou
lá, não
vou lá,
não vou
lá
Tenho medo de
apanhar!
Capelinha de
melão
Capelinha
de Melão
é de
São João
É de
Cravo é
de Rosa é
de Manjericão
São João
está
dormindo
Não acorda
não!
Acordai, acordai,
acordai, João!
Ciranda, cirandinha
Ciranda,
cirandinha,
Vamos todos
cirandar,
Vamos dar a
meia volta,
Volta e meia
vamos dar
O
anel que tu
me deste
Era vidro e
se quebrou,
O amor que tu
me tinhas
Era pouco e
se acabou.
A barraquinha
Vem,
vem, vem sinhazinha
Vem, vem, vem
Sinhazinha
Vem, vem para
provar
Vem, vem, vem
Sinhazinha
Na barraquinha
comprar
Pé de
moleque queimado
Cana, aipim,
batatinha
Ó quanta
coisa gostosa
Para você
Sinhazinha.
Mineira de Minas
Sou
mineira de Minas,
Mineira de Minas
Gerais
Rebola
bola você
diz que dá
que dá
Você diz
que dá
na bola, na
bola você
não dá!
Sou
carioca da gema,
Carioca da gema
do ovo
Rebola
bola você
diz que dá
que dá
Você diz
que dá
na bola, na
bola você
não dá!
Na Bahia tem
Na
Bahia tem, tem
tem tem
Coco de vintém,
ô Ia-iá
Na Bahia tem!
Na
beira da praia
Na
beira da praia
Eu vou, eu quero
ver
Na beira da
praia,
Só me
caso com você
Na
beira da praia
Você diz
que não,
que não,
Você mesmo
há de
ser
Água
tanto deu na
pedra,
Que até
fez amolecer,
Na beira da
praia.
Na loja do mestre
André
Foi
na loja do Mestre
André
Que eu comprei
um pianinho,
Plim, plim,
plim, um pianinho
Ai olé,
ai olé!
Foi na loja
do Mestre André!
Foi
na loja do Mestre
André
Que
eu comprei um
violão,
Dão,dão,dão,
um violão
Plim, plim,
plim, um pianinho
Ai olé,
ai olé!
Foi na loja
do Mestre André!
Foi
na loja do Mestre
André
Que eu comprei
uma flautinha,
Flá,
flá,
flá,
uma flautinha
Dão,dão,dão,
um violão
Plim, plim,
plim, um pianinho
Ai
olé,
ai olé!
Foi na loja
do Mestre André!
Foi
na loja do Mestre
André
Que eu comprei
um tamborzinho,
Dum, dum, dum,
um tamborzinho
Flá,
flá,
flá,
uma flautinha
Dão,
dão,
dão,
um violão
Plim, plim,
plim, um pianinho
Ai olé,
ai olé!
Foi na loja
do Mestre André!
O cravo brigou
com a rosa
O
cravo brigou
com a rosa
Debaixo de uma
sacada
O cravo saiu
ferido
E a rosa, despedaçada
O
cravo ficou
doente
A rosa foi visitar
O cravo teve
um desmaio,
A rosa pôs-se
a chorar.
Meu boi morreu
O
meu boi morreu
O que será
de mim
Mande buscar
outro, oh Morena
Lá no
Piauí
O
meu boi morreu
O que será
da vaca
Pinga com limão,
oh Morena
Cura urucubaca.
O meu galinho
Há
três noites
que eu não
durmo, ola lá!
Pois perdi o
meu galinho,
ola lá!
Coitadinho,
ola lá!
Pobrezinho,
ola lá!
Eu perdi lá
no jardim
Ele
é branco
e amarelo, ola
lá!
Tem a crista
vermelhinha,
ola lá!
Bate as asas,
ola lá!
Abre o bico,
ola lá!
Ele faz qui-ri-qui-qui
Já
rodei em Mato
Grosso, ola
lá!
Amazonas e Pará,
ola lá!
Encontrei, ola
lá!Meu
galinho, ola
lá!
No sertão
do Ceará!
O
pobre cego
Minha
Mãe acorde,
de tanto dormir
Venha ver o
cego, Vida Minha,
cantar e pedir
Se ele canta
e pede, de-lhe
pão e
vinho
Mande o pobre
cego, Vida Minha,
seguir seu caminho
Não quero
teu pão,
nem também
teu vinho
Quero só
que a minha
vida, Vida Minha,
me ensine o
caminho
Anda mais Aninha,
mais um bocadinho,
Eu sou pobre
cego, Vida Minha,
não vejo
o caminho.
Peixinho
do mar
Quem
me ensinou a
nadar
Quem me ensinou
a nadar
Foi, foi, marinheiro
Foi os peixinhos
do mar.
Pezinho
Ai
bota aqui
Ai bota aqui
o seu pezinho
Seu pezinho
bem juntinho
com o meu
E depois não
vá dizer
Que você
se arrependeu!
Pirulito que
bate bate
Pirulito
que bate bate
Pirulito que
já bateu
Quem gosta de
mim é
ela
Quem gosta dela
sou eu
Pirulito
que bate bate
Pirulito que
já bateu
A menina que
eu gostava
Não gostava
como eu.
Que é
de Valentim
Que
é de
Valentim ? Valentim
Trás
Trás
Que é
de Valentim
? É um
bom rapaz
Que é
de Valentim
? Valentim sou
eu!
Deixa a moreninha,
que esse par
é meu!
Roda
pião
O
Pião
entrou na roda,
ó pião!
Roda pião,
bambeia pião!
Sapateia no
terreiro, ó
pião!
Mostra a tua
figura, ó
pião!
Faça
uma cortesia,
ó pião!
Atira a tua
fieira, ó
pião!
Entrega o chapéu
ao outro, ó
pião!
Samba
Lelê
Samba
Lelê está
doente
Está
com a cabeça
quebrada
Samba Lelê
precisava
De umas dezoito
lambadas
Samba,
samba, Samba
ô Lelê
Pisa na barra
da saia ô
Lalá
Ó Morena
bonita,
Como é
que se namora
?
Põe
o lencinho no
bolso
Deixa a pontinha
de fora.
São
João
da Rão
São
João
Da Ra Rão
Tem uma gaita-ra-rai-ta
Que quando toca-ra-roca
Bate nela
Todos
os anja-ra-ran-jos
Tocam gaita-ra-rai-ta
Tocam gaita-ra-rai-ta
Aqui na terra
Maria
tu vais ao baile,
tu “leva” o
xale
Que vai chover
E depois de
madrugada, toda
molhada
Tu vais morrer
Maria
tu vais “casares”,
eu vou te “dares”
Eu vou te “dares”
os parabéns
Vou te “dartes”
uma prenda
Saia de renda
e dois vinténs.
Sapo
Jururu
Sapo
Jururu na beira
do rio
Quando o sapo
grita, ó
Maninha, diz
que está
com frio
A mulher do
sapo, é
quem está
la dentro
Fazendo rendinha,
ó Maninha,
pro seu casamento.
Teresinha de
Jesus
Teresinha
de Jesus deu
uma queda
Foi ao chão
Acudiram três
cavalheiros
Todos de chapéu
na mão
O
primeiro foi
seu pai
O segundo seu
irmão
O terceiro foi
aquele
Que a Teresa
deu a mão
Teresinha
levantou-se
Levantou-se
lá do
chão
E sorrindo disse
ao noivo
Eu te dou meu
coração
Dá
laranja quero
um gomo
Do limão
quero um pedaço
Da morena mais
bonita
Quero um beijo
e um abraço.
Tutu Marambá
Tutu
Marambá
não venhas
mais cá
Que o pai do
menino te manda
matar
Durma
neném,
que a Cuca logo
vem
Papai está
na roça
e Mamãezinha
em Belém
Tutu
Marambá
não venhas
mais cá
Que o pai do
menino te manda
matar.
Vai
abóbora
Vai
abóbora
vai melão
de melão
vai melancia
Vai jambo sinhá,
vai jambo sinhá,
vai doce, vai
cocadinha
Quem quiser
aprender a dançar,
vai na casa
do Juquinha
Ele pula, ele
dança,
ele faz requebradinha
.
Vamos
maninha
Vamos
Maninha vamos,
Lá na
praia passear
Vamos ver a
barca nova que
do céu
caiu do mar
Nossa
Senhora esta
dentro,
Os anjinhos
a remar
Rema rema remador,
que este barco
é do
Senhor
O
barquinho já
vai longe
E os anjinhos
a remar
Rema rema remador,
que este barco
é do
Senhor (bis).
Você gosta
de mim?
Você
gosta de mim,
ó menina?
Eu também
de você,
ó menina
Vou pedir a
seu pai, ó
menina,
Para casar com
você,
ó menina
Se
ele disser que
sim, ó
menina,
Tratarei dos
papéis,
ó menina,
Se ele disser
que não,
ó menina,
Morrerei de
paixão.
Maria
Agripina Neves
Licenciada e
Bacharel em
História,
pós-graduada
em Folclore
e Cultura Popular.
"Há
cantigas para
todas as idades
e situações
... O canto
é uma
válvula
de escape por
onde se elimina
excesso emocionais
armazenados...
Canta-se para
abafar uma saudade
ou aliviar uma
paixão
... para expressar
uma alegria
ou também
para vencer
o medo."
( Saul Alves
Martins)
Introdução
Ao longo da
história
da humanidade,
a música
sempre esteve
presente. Na
antiguidade,
foram encontrados
registros de
instrumentos
musicais entre
os assírios,
babilônicos
e hebreus em
formas de gravuras
nos monumentos
e esculturas,
além
de registros
como os salmos
e hinos bíblicos.
O legado grego
foi tão
importante,
que ainda hoje
Euterpe, musa
protetora da
poesia lírica
e da música
na Grécia
Antiga, continua
sendo a protetora
dos músicos.
Na Grécia,
considerada
o berço
das artes e
da cultura,
a música
se relacionava
com os números,
com a ética
e com a educação,
tanto que a
associação
entre voz e
instrumento
tinha como base
o alfabeto jônico.
A riqueza musical
da Grécia
nas Idades Antiga
e Média,
comunha-se entre
outros elementos
de um conjunto
de canções
de história
de amor e canções
ligadas aos
rituais tradicionais.
Em relação
aos hindus,
predominava
os cantos sacros,
profanos e a
raga (uma música
com alusão
mitológica).
Para os hebreus,
a música
tinha um caráter
bíblico
e se relacionava
aos salmos e
hinos.
Entre os romanos,
a música
não teve
muito destaque,
pois eram materialistas,
só nos
fins do perído
medieval os
romanos adquiriram
o gosto pela
música,
devido as constantes
navegações
e trocas culturais
com outras regiões.
Para os chineses,
a música
era considerada
"Ciência
das Ciências"
e se baseava
na filosofia,
cosmologia e
religião.
Na Europa medieval,
a música
predominante
se baseava nos
cantos litúrgicos
e no Canto Gregoriano,
além
dos trovadores
como representantes
da música
popular.
Na Idade Moderna
houve um crescimento
das formas musicais,
surgiram as
óperas,
a polifonia,
o coral, os
oratórios,
as sonatas,
os concertos
e a música
de Câmara,
além
dos cantos religiosos
advindos do
período
anterior.
A Idade Contemporânea
vai contemplar
o surgimento
de diversos
ritmos, especialmente
a partir da
segunda metade
do século
XIX. No século
XX, o aparecimento
de novas formas
e ritmos musicais
é intenso
e marcante,
principalmente
no Brasil, onde
encontramos
valsa, polca,
modinha, samba,
baião,
marchinhas,
forró,
bossa nova,
axé music,
vanerão,
xote, carimbó,
canções
folclóricas
e vários
outros ritmos
importados dos
norte americanos
e outros continentes,
ou seja, há
uma infinidade
de ritmos brasileiros
e, se fizéssemos
um passeio geográfico
e cultural pelos
vários
estados, acredito
seria difícil
listá-los.
Você deve
estar se perguntando
por onde passou
a música
folclórica,
especialmente
a brasileira.
Mas, será
que temos uma
música
folclórica
estritamente
brasileira?
Podemos dizer
que sim, contudo,
por sermos um
povo miscigenado,
recebemos inflluência
de diversos
povos, desde
a imposição
da música
religiosa aos
indígenas
pelos jesuítas,
passando pelos
ritmos africanos,
até chegarmos
aos europeus
que ao virem
para o Brasil,
nos fins do
século
XIX e início
do XX, trouxeram
sua cultura,
suas danças,
sua música
e, se não
a conservaram
intactas, aqui
a abrasileiraram.
No caso da música,
podemos observar
que algumas
são próprias
de determinadas
regiões,
mas há
outras que são
cantadas em
todo o país,
embora com variações
na letra e algumas
vezes na melodia.
Música
popular tradiconal
brasileira
O estudo da
música
folclórica
brasileira envolve
cantos, festejos,
danças,
jogos, religiosidade
e brincadeiras
diversas. Saul
Martins, em
seu estudo acerca
do assunto,
aponta o lundu,
a tirana e a
modinha como
primeiras manifestações
da música
folclórica
no Brasil. Sendo
a primeira trazida
pelos africanos,
a segunda pelos
espanhóis
e a última
pelos portugueses.
De acordo com
o mesmo autor,
são características
da música
folclórica:
É procedente
das camadas
mais simples
da sociedade.
É anônima,
espontânea,
durável,
persistente
e, antiga ou
tradicional,
não está
sujeita à
moda, é
uma herança
cultural. É
funcional, ou
seja, atende
a uma necessidade
psicológica.
É transmitida
por via oral,
sem muitas técnicas,
de forma direta,
às vezes
com variantes.
É tecnicamente
simples, com
melodias e letras
de pequena extensão,
portanto de
fácil
assimilação.
É ainda
Saul Martins,
quem tenta de
certa forma
dar uma classificação
ao gênero,
entre as quais
se incluem modinhas,
lírico-narrativas,
brejeiras, religiosas,
satíricas,
de oficio, de
autos e folguedos,
de diversão
e de danças.
Antônio
Henrique Weitzel,
divide a música
folclórica
em acalantos,
cancioneiro
Infantil, cantigas
de roda, toadas
de escolha,
toadas de ensino,
brincadeiras
cantadas, romance,
abecês,
quadras e desafios.
Além
dessas, podemos
encontrar ainda,
os aboios, pregões,
emboladas, toadas
sertanejas e
a moda de viola,
sendo as três
últimas
conhecidas por
cantorias.
Além
das letras e
das melodias,
segundo Luiz
Martins Abraão
e Saul Martins,
temos também
os instrumentos
considerados
folclóricos,
entre os quais,
se incluem a
viola, a rebeca
e especialmente
os instrumentos
de origem africana,
como o atabaque,
o adjá,
o bongô
e outros.
Canções
de ninar
As canções
de ninar, fazem
parte do gênero
lírico-narrativa
e são
em geral, caracterizadas
por melodias
suaves e repetitivas,
com letras simples
e rimadas, advindas
dos primeiros
habitantes do
Brasil.
Gilberto Freyre
em Casa Grande
e Senzala, nos
remete aos tempos
coloniais, quando
as amas de leite
embalavam os
filhos de seus
senhores com
cantigas, que
mais serviam
para amedrontar
as crianças,
do que para
adormecê-las,
visto que, tais
cantos apelavam
para entidades
míticas
e bichos aterradores,
acentuado ainda
pela transformação
que as letras
sofriam de acordo
com a etnia,
a região
e a crença
de quem as entoava.
Fato esse abordado
também
por Antônio
H. Weytzel.
Como veremos
nos versos cantados
em Juiz de Fora,
assinalando
a questão
do medo, da
segurança
e da alimentação:
Algumas letras,
não enfocam
somente os seres
fantásticos
e arrepiantes,
elas abordam
também
a alimentação,
o trabalho e
a segurança
imposta pela
presença
dos pais, como
podemos observar
nas quadrinhas
abaixo:
1- Tutu marambá,
não venha
mais cá
Que o pai do
menino, te manda
matá.
2- Nana nenê,
que a cuca vem
pegá
Papai foi na
roça,
mamãe
volta já.
3- Vem gato
preto, de cima
do telhado.
Comer esta criança,
que não
quer dormir
calado.
4- João
corta lenha,
Maria mexe angu.
Tereza vai na
horta, buscar
o cariru.
Compadre vem
jantá.
Carne seca com
angu.
Em Ouro Preto
- MG, ouvimos
quando crianças
alguns acalantos
que nos ficaram
na memória,
e que ainda
hoje se pode
ouvi-los, nas
casas de algumas
famílias,
que deixam um
pouco as novelas
da televisão,
para transmitir
às crianças
um pouco de
afeto e segurança.
Acreditamos
até,
que se as mães
se dispusessem
a ninarem seus
filhos, como
antigamente,
reduziria a
violência
em muitos espaços,
pois a música,
tem o poder
de acalmar e
enquanto a mãe
embala seu filho,
com certeza,
ele se sente
amado e seguro.
1- "Ô
tutu do mato
lá do
murumbu
Dorme nenê
que mamãe
tem que fazê.
Pega essa criança
que tem medo
de tutu.
2- Papai corta
lenha / mamãe
mexe angu.
O padrinho vem
de tarde
prá comer
com cariru.
Tem roupa pra
lavá
e costura pra
cozê.
Sai tutu do
mato,
sai de cima
do telhado
Deixa meu filhinho,
dormir sono
sossegado.
Numa outra análise,
com músicas
folclóricas
colhidas de
uma informante
no estado da
Bahia e reunidas
no disco 'Brincadeiras
de Rodas, Estórias
e Canções
de Ninar', em
1978. Observamos
que as canções
de ninar ali
cantadas diferem
um pouco na
letra e na melodia,
das recolhidas
por Weitzel
e por nós
nas regiões
mineiras. Mas
conservam as
referências
aos monstros,
ao trabalho
e ao alimento.
Minha mãe
mandou-me à
venda
Comprar um vintém
de pão,
É de
noite, está
escuro,
Tenho medo do
bicho papão.
Xô papão,
de cima do telhado,
Deixa esse menino
Dormir sono
sossegado. Sussussu,
ó menino,
o que é
que tem?
Tua mãe
foi à
fonte, logo
vem;
Foi comprar
panelinha de
vintém
Bacalhau com
azeite, logo
vem."
Brincadeiras
cantadas ou
cantigas de
diversão
O Brasil possui
um variado repertório
de cantigas
de diversão,
em sua maioria
oriundo de cânticos
latinos de Portugal,
França
e Espanha. Dentre
elas, destacamos
cantigas de
rodas, canções
de bebedeira,
alguns jogos
e algumas quadras
um pouco esquecidas
nos fins do
século
XX, mas bastante
conhecidas nos
grupos de pessoas
de meia idade,
visto que muito
se brincou de
roda, nas noites
festivas nas
zonas rurais
e nas escolas
até os
anos oitenta
do século
passado.
Ao referirmos
às noites
festivas, bastava
que se reunisse
um grupo de
crianças
e jovens para
logo ouvirmos
a entoação
de cantigas
como: de "Terezinha
de Jesus",
"Fui na
Fonte do Tororó",
a "Dança
da Carranquinha",
"La condessa",
e ainda quadrinhas,
desafios e canções
como:
1- Os escravos
de jó,
jogavam caxangá
Os escravos
de jó,
jogavam caxangá
Os escravos
de jó,
jogavam caxangá
Tira, põe,
deixa o zambelê
ficar
Guerreiros,
com guerreiros,
fazem zig, zig,
zá.
Guerreiros,
com guerreiros
fazem zig, zig,
zá. Plantei
um pé
de alface
Plantei um pé
de alface, a
chuva quebrou
um galho, rebola,
chuchu, rebola
chuchu. Rebola
senão
eu caio.
Tenho uma linda
laranja menina
Tenho uma linda
laranja menina,
só ela
que eu tenho,
ela é
verde e amarela,
vira fulano
esquerda janela.
4-
Alecrim, alecrim
dourado
Alecrim, alecrim
dourado, que
nasceu no campo,
sem ser semeado.
Ó meu
amor, ó
meu amor/ quem
te disse assim.
Que a flor do
campo é
o alecrim.
Alecrim, alecrim
do campo / por
causa de ti,
choro o meu
pranto.
Ó meu
amor ...
Alecrim, alecrim
aos molhos,
por causa de
ti, choram os
meus olhos.
Ó meu
amor ...
Alecrim, alecrim
cheiroso, que
se esvoaçou
e brotuo de
novo.
Ó meu
amor ...
5- A dança
da Carranquinha
A dança
da carranquinha,
é uma
dança
estrangulada,
que põe
o joelhe em
terra, e faz
o povo ficar
pasmado.
Fulano sacode
a saia, fulano
coça
a cabeça,
fulano abre
seus braços,
fulano me dá
um abraço.
6- O cravo brigou
com a rosa
O cravo brigou
com a rosa,
debaixo de uma
sacada,
o cravo saiu
ferido e a rosa
despedaçada.
O cravo ficou
doente,
a
rosa foi visitar,
o cravo deu
um desmaio
e a rosa pois-se
a chorar.
7-Sete
e sete são
quatorze,
com mais sete
vinte e um
tenho sete namorados.
Só posso
casar com um.
8- Ó
que noite tão
bonita
Ó
que céu
tão estrelado
quem
me dera ver
agora
meu
eterno namorado.
9-Se a perpétua
cheirasse,
seria a raainha
das flores,
mas como a pérpetua
não cheira
não é
rainha das flores."
10-Marmelo é
fruta gostosa
que dá
na ponta da
vara
mulher que chora
por homem
não tem
vergonha na
cara.
11-Tim, tim,
tim, ola,lá.
Tim, tim, tim,
ola, lá.
Tim, tim, tim,
ola,lá.
Tim, tim, tim,
ola, lá.
Se não
gosta dela de
quem gostará.
Ei de te amar,
amar, hei de
te querer,
hei de te tirar
de casa, sem
seu pai e sua
mãe saber.
12- Você
gosta de mim?
Você gosta
de mim, ô
Maria?
Eu também
de você
ô Maria.
Vou pedir a
teus pais ô
maria.
Para casar com
você,
ô Maria!
Se eles disserem
sim ô
Maria.
Tratarei dos
papéis,
ô Maria.
Se eles disserem
não ô
Maria.
Morrerei de
paixão,
ô Maria.
Palma, palma,
palma, ô
Maria.
Pé, pé,
pé ô
Maria
Roda, roda,
roda ô
Maria.
E abraçai
quem quiser.
Cantigas de
Pedintes
As cantigas
de pedintes
se encontram
no gênero
de música
de ofício,
e são
cantadas em
várias
regiões
brasileiras.
Em algumas regiões
podemos ouvi-las
nas feiras,
nos pontos de
ônibus,
nas portas de
igrejas, principalmente
por cegos, em
geral a cantoria
vem acompanhada
de uma viola
ou violão.
Nos folguedos
como as folias
de Reis e do
Divino, os versos
entoados trazem
a religiosidade,
como linha de
frente, daí
o fato de serem
consideradas
cristãs,
mas são
também
consideradas
de pedintes
ou de mendigar.
As folias de
Reis, realizam
uma caminhada
visitando as
casas no período
que antecede
o Dia de Reis.
Compõem-se
normalmente
de um grupo
de tocadores
e cantadores,
acompanhados
de violões,
sanfonas, pandeiros,
cavaquinhos
e outros instrumentos,
além
dos espias ou
bastiões,
que vão
à frente
mascarados e
fazendo gracejos,
para atrair
a população.
A cada casa
que chegam entoam
versos, pedindo
esmolas para
a festa de Santos
Reis.
Com o mesmo
objetivo, saem
também
as folias do
Divino, em algumas
regiões
brasileiras,
especialmente
no distrito
de São
Bartolomeu,
município
de Ouro Preto
– MG, entre
os versos cantados
pelos pedintes,
destacamos:
Cantigas
de cegos
Meu irmão
que vai passando
com saúde
e alegria
Ajude um pobre
cego
que não
vê a luz
do dia.
Cantigas de
Mendigar
Dê uma
esmola ao penitente
Que não
pode trabalhar;
Meu irmão,
por caridade,
Tenha dó
do meu penar,
Tenha dó
do meu sofrer,
Nunca vi felicidade,
Meu irmão,
por piedade,
Ninguém
vive sem comer!
Cantos
de Folia de
Reis
Ô de casa
nobre gente,
despertai e
ouvireis.
Que da banda
do oriente,
são chegados
os três
reis.
A folia vem
de longe, ela
vei' vos visistar;
Vei' pedir-vos
santa esmola,
pra Santo Reis
festejar.
Cantos
para pedir saúde
Pelas vossas
chagas,
Pela vossa cruz,
Livrai-nos da
peste,
Senhor Bom Jesus.
Glorioso Mártir
São Sebastião,
Livrai-nos da
peste,
São Sebastião.
Cantos
de Folia do
Divino
Senhor dono
da casa, Senhor
dono da casa
Viemos em bom
destino, viemos
em bom destino
E também
pedir esmola,
e também
pedir esmola
Para a festa
do Divino. Para
a festa do Divino.
O Divino Espírito
Santo, O Divino
Espírito
Santo
Hoje vem vos
visitar, hoje
vem vos visistar.
E também
pedir esmola,
e também
pedir esmola
Se vocês
puderem dar.
Se vocês
puderem dar.
Cantigas
de Trabalho
É consenso
popular de que,
'quem canta,
seus males espanta',
e nada melhor
que cantar no
trabalho, especialmente
quando o trabalho
é coletivo.
Segundo Luiz
M. Abraão,
a melodia nos
trabalhos coletivos
surge espontaneamente,
sendo comum,
ouvi-las junto
às rendeiras
do Nordeste,
enquanto Zanoni
Neves, aborda
a cantoria dos
remeiros de
São Francisco,
Aires da Mata
Machado Filho,
faz referências
às cantigas
de trabalho
na mineração
de diamantes,
uma cantiga
de origem africana,
denominada 'vissungo',
o autor em questão,
assinala que
tais cantigas,
variavam para
cada horário
e muitas vezes
tinham um sentido
religioso, como
os 'Pade-Nosso
cum Ave-Maria'
e os cantos
da manhã.
Pai-Nossos
"A! AI!
AI! Ai!
Pade-Nosso cum
Ave-Maria,
Qui tá
Angananzambê-opungo.
Ei! Curietê!
A! AI! AI! Ai!
Pade-Nosso cum
Ave-Maria
Qui tá
Angananzambê-opungo.
Ei! Dunduriê
ê"
Canto da manhã
"Purru!
Acoêto?
Caveia?
Galo já
cantou, rê,
rê,
Cristo nasceu
Dia 'manheceu
Galo já
cantou.
Antônio
Henrique Weitzel
Trava - língua
é uma
modalidade de
parlenda ,em
prosa ou em
verso , caracterizada
pela rápida
sucessão
de palavras
de forma ordenadas
pela repetição
dos mesmos fonemas
ou de fonemas
vizinhos - ora
em seqüência
, ora entremeados
- que se torna
extremamente
difícil
e ,às
vezes, quase
impossível
pronunciá-lo
sem tropeços
. Exs.: A aranha
arranha o jarro
; o jarro a
aranha arranha.
O peito do pé
do pai do padre
Pedro é
preto. Paca,
tatu; cutia,
não .
É uma
''parlenda maldosa
'' , como o
chamou Campos
( Folclore de
Nordeste, 1960
) , acrescentando
que os cantadores
de viola , mestres
em desafio ,
não aceitam
o trava - língua
, que só
poderá
ser recitado
corretamente
com um treino
antecipado .
Esta ,porém
, não
é a opinião
do cantador
cearense Jacó
Alves Passarinho
, o qual , segundo
refere Mota
( Cantadores
, 1961 ) , falava
com entusiasmo
das frases de
pronunciação
embaraçosa
e dizia que
''nelas é
que se conhece
quem tem sustança
'' . De fato
, exige do cantador
uma atenção
exagerada ,
para não
ficar atrapalhado
na pronúncia
das palavras
do verso e,
assim perder
a contenda.
Cascudo (Literatura
Oral no Brasil
, 1984 ) incluiu
o trava - língua
nos contos acumulativos
, seguindo a
classificação
de Antti Aarne
/ Stith Thompson
, com o que
não concorda
Almeida ( Manual
de coleta folclórica
, 1965 ) , dizendo
que os trava-línguas
muitas vezes
não são
estórias
, mas jogos
de palavras
difíceis
de serem pronunciadas.
São antes
brincadeiras
.
Para Teixeira
(Estudos de
folclore , 1949
) ,este tipo
de parlenda,
cuja finalidade
consiste em
pôr no
ridículo
a pessoa que
tente dizê-lo
rapidamente
, é universal
, parecendo
ser mais fácil
''destravá-lo
'''em português
do que em alemão
, inglês
e outras línguas
do grupo saxônico.
Porzig (El mundo
maravilloso
del lenguaje
, 1964 ) explicou
a extrema dificuldade
, ou mesmo impossibilidade
sem sólido
treinamento
, da pronúncia
dessas frases
, pelo fato
de se estorvarem
mutuamente ,
diante de sua
rápida
sucessão
,os movimentos
articulatórios
dos órgãos
da fala . E
justifica, afirmando
ser a imagem
sonora produzida
pela cooperação
de inúmeras
músculos
, que são
excitados por
nervos motores
, os quais recebem
essa excitação
do cérebro
e a transmitem
. Depois de
uma excitação
,entretanto
, nervos e músculos
precisam de
certo tempo
para retornarem
ao estado de
equilíbrio
, o que não
acontecerá
, se sobrevier
nova excitação
, a qual irá
perturbar as
articulações
.
Neste conjunto
de palavras,
quer caracterizado
pela seqüência
do fonema consonantal
, que pode provocar
uma espécie
de paralisia
lingual (A pipa
pinga, o pinto
pia . A babá
boba bebeu o
leite do bebê
. O dedo do
Dudu é
duro .), quer
entremeando
fonemas consonantais
vizinhos ( Tacho
sujo, chuchu
chocho . A rua
de paralelepípedo
é toda
paralelepipedada.
Quem a paca
cara compra
, cara a paca
pagará
.) , quer alternando
fonemas consonantais
com encontros
consonantais
( O Pedro pregou
um prego na
pedra . Porco
crespo , toco
preto. ), a
língua
certamente tropeçará,
principalmente
se a pessoa
estiver falando
depressa.
Esta curiosa
forma verbal
lúdica
tem dupla função
: a) desenvolve
habilidades
vocais - donde
o seu caráter
educativo ;
b) diverte,
pondo em ridículo
quantos queiram
pronunciá-lo
depressa - daí
o seu caráter
lúdico.
Braga ( O Povo
Português
nos seus Costumes
,Crenças
e Tradições,
1986 ) já
registrara esta
função
educativa, ao
considerar o
trava-língua
um fenômeno
doméstico
de desenvencilhar
a língua.
Araújo
(folclore Nacional
, 1964 ) frisa
este seu valor
educativo ,
por exercitar
a boa pronúncia
da criança
, desenvolvendo-
lhe a perfeita
enunciação
das palavras.
E chega a aconselhar
os educadores,
os professores
a se valerem
dos trava-línguas,
para a promoção
da eulalia dos
educandos .
Penteado ( A
técnica
da comunicação
humana , 1972
) é outro
que recomenda
os trava-línguas
para aperfeiçoar
a articulação
, a qual se
consegue através
de penosos exercícios
que desenvolvam
a musculatura
do céu
da boca , da
língua
e dos lábios
. Principalmente
em se tratando
de dislálicos
, os quais neles
encontrarão
a forma agradável
e divertida
de corrigirem
sua pronúncia
viciada. Também
Melo ( Folclore
infantil, 1985
) reconhece
a utilidade
pedagógica
dos trava-línguas
, por incentivarem
nas crianças
o gosto pela
pronúncia
correta , mesmo
das palavras
mais difíceis
.
Como instrutivo
e gostoso passatempo
, sua aceitação
é geral
, haja vista
que as crianças
repetidamente
se entretêm
no seu exercícios
, muitos dos
quais elas inventam
na hora ou lançam
mão dos
já tradicionais
e incorporados
ao seu folclore
infantil. Até
que se treine
convenientemente
o trava-língua
proposto, os
embaraços
surgidos , as
palavras estranhas
enunciadas provocam
o riso de quantos
participam do
jogo.
Entretanto não
é só
uma brincadeira
o trava-língua,
mas , segundo
Schwart (A twister
of twists ,
a tangler of
tongues , 1972)
, vem sendo
empregado para
treinar locutores
de rádio
, testar atores
, enfim , ajudar
nos problemas
da fala e até
mesmo para curar
soluços
(repetir cinco
vezes um trava-língua
de meio tamanho,
prendendo a
respiração
).
Todos os trava-línguas
são propostos
por fórmulas
tradicionais,
como : ''fale
bem depressa
''; ''repita
três vezes
'' ; ''diga
correndo '',
e similares.
O importante
no trava-língua
é que
ele deve ser
repetido de
cor , várias
vezes seguidas
e tão
depressa quanto
possível
. Lido, e devagar,
perde a graça
e a finalidade
.
De meu conhecimento
, nenhum folclorista
tentou classificar
os trava-línguas
coletados. Limitaram-se
os pesquisadores
a relacioná
Los indistintamente
. Examinando
o farto material
que pude recolher,
proponho a seguinte
classificação
para os trava-línguas
de acordo com
a presença
dos fonemas
consonantais,
quer se apresentem
isoladas , quer
em seguimento
imediato ou
num encontro
consonantal.
A sua ordenação
será
pelo rendimento
funcional, isto
é, pela
maior freqüência
computada na
frase .
Assim , teremos
os trava-língua
:
SIMPLES (quando
predomina um
só fonema
consonantal
, com o mesmo
ponto de articulação
) : Exs . :
O Papa papa
o papo do pato
. Farofa feita
com muita farinha
fofa faz uma
fofoca feia
. Norma nina
o nenê
da Neuza . A
chave do chefe
Chaves está
no chaveiro
. O rato roeu
a roupa do rei
de Roma, e a
rainha, de raiva,
roeu o resto
.
COMPOSTO (quando
há mais
de um fonema
consonantal
repetido e variado
o ponto de articulação
) : Exs.: Sabia
que a mãe
do sabiá
sabia que sabiá
sabia assobiar?
Um limão
, dois limões
, meio limão
. É muito
socó
para um socó
só coçar!
Papipaquígrafo.
Nunca vi um
doce tão
doce como este
doce de batata-doce!
O padre pouca
capa tem, pouca
capa compra
. Chega de cheiro
de cera suja
!
COMPLEXOS (quando
se entremeiam
fonemas consonantais
com encontros
consonantais
) : Exs . :
É preto
o prato do pato
preto . Bagre
branco ; branco
bagre . Um tigre
, dois tigres
, três
tigres. Três
tristes tigres
trigo comiam
.
(Excerto do
livro do autor
'' FOLCTERAPIAS
DA FALA '')