Com
a preocupação
de reunir documentos
sobre saúde
e doença,
existe hoje uma
literatura muito
representativa
das práticas
de cura no Brasil
rural e, até
em muitos casos,
no Brasil urbano.
Verifica-se aí
uma tradição
folclórica
de práticas
familiares, de
textos de anúncios,
do lendário
popular sobre
plantas medicianais,
seja de fontes
idôneas,
seja do simplesmente
do ouvir falar.
Ao lado do saber
tradicional, expressando-se
uma ampla variedade
de pontos de vista
e aculturação,
nos últimos
anos tem sido
divulgado um discurso
científico
sobre remédios
e práticas
de cura. Como
na maioria das
vezes, tudo tem
sido feito no
anonimato, correto
é interpretar
esse importante
ramo da saúde
como manifestação
do folclore brasileiro.
Wanderlino
Arruda
Tradicionalmente,
a saúde
sempre foi um
problema no País.
No período
colonial, enquanto
as irmandades
mais ricas, nas
áreas urbanas,
mantinham médicos,
as mais pobres
resolviam seus
problemas de saúde
com os chamados
boticários.
Mas,
foi com os indígenas
e com a experiência
dos negros – sobretudo
das mulheres -
que as soluções
de saúde
se tornaram eficazes
para as classes
mais carentes,
principalmente
na decadência
da produção
do ouro. Este
conhecimento das
plantas medicinais
da colônia
dominado pela
cabocla e pela
mulata, unido
ao das plantas
medicinais trazidas
pelos portugueses
das mais variadas
partes do mundo,
foi sendo repassado
de geração
em geração,
originando o costume
de sanar doenças
por meio de recursos
naturais.
Hoje,
em Minas, os raizeiros
e as benzedeiras
ainda são
muito procurados
para fazer chás,
simpatias, banhos
e benzeções
com a finalidade
de solucionar
problemas de saúde.
Além do
uso das plantas
medicinais, essas
pessoas ainda
sugerem determinadas
restrições
à alimentação
remosa em determinados
tratamentos.
Atualmente,
homeopatas pesquisam
e estudam esse
receituário,
buscando confirmar
a eficácia
dos remédios
caseiros como
forma de medicina
alternativa, contribuindo
com a ciência
na busca de soluções
mais econômicas
e de menores efeitos
colaterais para
a saúde
humana.
São
exemplos mais
comuns da medicina
caseira em Minas:
·
boldo e carqueja
para males do
fígado;
·
macelinha para
males do intestino;
·
flor do assa-peixe
como depurativo
para o sangue;
·
arruda para
limpeza do globo
ocular; e
·
folha de goiaba
para desinteria.
Vale
citar a importância
terapêutica
da rica vegetação
do cerrado, pois
são várias
as espécies
com poder curativo
utilizadas amplamente
em diferentes
recantos do Estado:
ipê roxo,
copaíba,
barbatimão,
sucupira etc.
Alguns arbustos
como o assa-peixe,
mil-homens e algodão
do campo e algumas
ervas como a erva-moura,
o melão
de São
Caetano, o cipó
de São
João e
a sassafrás
também
compõem
os receituários
da medicina popular
mineira.
Nos
mercados municipais
das maiores cidades,
as barracas de
plantas e raízes
medicinais são
comuns, atraem
a curiosidade
dos turistas e
são um
benefício
à mão
das comunidades.
Diversas revistas
sobre o uso dessas
plantas vêm
sendo lançadas
e desafiam a alopatia,
provando que nossos
ancestrais estavam
certos em suas
terapias com produtos
naturais.